terça-feira, 27 de abril de 2010

Amigos?

Suas mãos trêmulas, suas pernas bambas e a respiração ofegante anunciavam a difícil missão que estava por se cumprir. Ficara horas pensando no que dizer, escolhendo as palavras certas para usar. Então, ela reuniu todas suas forças e decidiu dizer a ele tudo o que sentia por ele. Vestiu sua melhor roupa. Tirou. Não queria parecer desesperada.
Vestiu uma roupa simples. Tirou de novo. Indiferente demais.
Colocou uma roupa normal, então. Uma como as que sempre vestia. Queria parecer “ela mesma”.Encheu-se de coragem e saiu de casa.
Agora estava ali, a poucos centímetros dele, na cadeira ao seu lado, como era de costume. Enquanto fingia que prestava atenção nas aulas, tentava disfarçar a ansiedade.
”Você vai fazer alguma coisa depois da aula?” perguntou a ele, tentando parecer natural.
”Não.”
”Você esperaria uns cinco minutos depois que a aula acabar? Eu preciso conversar com você.”
”Claro! Sem problemas!”
E a aula foi se desenrolando lenta e interminável. Às vezes ficava difícil respirar, de tanta agonia. As mão suavam, o estômago revirava, a cabeça girava. Quando o sinal tocou, implacável. Com um sorriso leve no rosto ele se levantou devagar, e os dois caminharam um tempo em silêncio. Pararam perto de uma escada.
Ele: “Então... o que você queria conversar comigo?”
Ela, com o coração esmurrando dentro do peito, hesitou... pensou mais um pouco... Era agora ou agora. Não poderia voltar a trás.
Ele, de novo: “ O que foi? Tá tudo bem?”
Ela: “Sim... não era nada demais o que eu queria te dizer...”
Ele: “Então... diga!”
Ela: “É só... que... que eu estou gostando de você. É isso.”
Ela não acreditava que tinha conseguido dizer aquilo. Pensou que travaria, que teria um piripaque. Mas conseguiu. Missão cumprida.
Ele: “É... eu sabia.”
Ela: “Como assim?”
Ele: “Eu sabia. Sempre soube.”
Ela: “Ahh...”
Ficaram em silêncio por um tempo. Depois foram caminhando, conversando amenidades enquanto desciam as escadas. O clima, o filme novo que havia estreado no cinema, o professor de história que falava engraçado... E nunca mais falaram sobre o assunto.

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